domingo, 2 de dezembro de 2007

Leituras de fim de semana


A união de duas pessoas e a decisão de ter e educar um filho, são decisões crucias e que alteram completamente as nossas vidas. E embora na maioria das vezes sejam decisões pensadas, a emoção e o sentimento dominam-nos nestas alturas, levando-nos muitas vezes a cometer actos irreflectidos muitas vezes dificies de emendar. E tão dificil que é conciliar a emoção com a razão. Por isso fico completamente fascinado com a sabedoria do homem que escreveu estas linhas que escrevo a seguir. Um homem que nasceu no sec. 19, 1883-1931 :


Os filhos

Os teus filhos não são os teus filhos.
São os filhos e as filhas do desejo da vida por si própria.
Vêm através de ti mas não de ti.
E embora estejam contigo, não te pertencem.

Podes dar-lhes o teu amor, mas não os teus pensamentos,
Porque eles têm os seu próprios pensamentos.
Podes alojar-lhes os corpos mas não as almas,
Porque as almas deles vivem, nem sequer em sonhos.

Podes lutar por ser como eles, mas não tentes fazê-los ser como tu.
Porque a vida não anda para trás nem espera pelo passado

Tu és o arco a partir do qual sâo disparados os teus filhos como setas vivas.
O arqueiro vê o alvo no caminho do infinito, e arqueia-te com a sua força para que a sua flecha possa ir mais longe e veloz.


A união

Encham a taça um do outro mas não bebam só duma taça.
Dêem do vosso pão um ao outro mas não comam do mesmo pão.
Cantem e dancem juntos e alegrem-se, mas deixem que cada um esteja só.
Tal como as cordas duma harpa estão sós embora vibrem com a mesma música.

Amem-se um ao outro, mas não façam do amor um elo,
Deixem-no antes ser um mar que se move entre praias.

E mantenham-se juntos mas não demasiados próximos,
Porque os pilares do templo estão afastados,
E o carvalho e o cipreste não crescem na sombra um do outro.


Kahlil Gibran in "O profeta"

pintura de Kahlil "amor"


4 comentários:

Anônimo disse...

Saber amar o 'outro' - filho, amante... - exige o difícil exercício que é respeitar a sua individualidade.
Esperar que ele seja um espelho, alguém reflexo do que somos ou desejávamos ser, é um acto narcisista, limitador, egoísta… mais ‘desamor’ que amor :(

Anônimo disse...

...o comentário acima é meu: mm ;)

L'etranger disse...

pois...e quando o amor é cego e obsecado torna-se desamor...

Anônimo disse...

... nem mais! :(