sábado, 29 de setembro de 2007


Nunca serei teu inimigo
O peso do sentimento chega a ser insustentável, mas nunca quebrara os laços de afeição
foto by LP

Já começo a ver.
Não muito nítido, mas já distingo feições familiares.
Nítida está a memória do dia em que reparei que não tinha reflexo no espelho. Não se pode viver sem que ao menos as superficies planas nos devolvam uma qualquer imagem nossa.

Não se devia amar quem não dobra o seu corpo sobre nós em forma de concha
foto by LP

quarta-feira, 26 de setembro de 2007


Gosto da praia.
Do sol a aquecer-me a pele.
Sentir a areia macia por debaixo dos pés.
Da água do mar, tépida como a boca de uma mulher.
De entrar nela e senti-la em todos os bocadinhos de mim.
Respirar debaixo de água. Vir ao de cima. Abraça-la com grandes braçadas vigorosas. Deixar um rasto de espuma ao batimento dos pés. Sentir o sangue pulsar-me nas veias ao ritmo violento dos movimetos que fendem as águas ondulantes. Uma sensação exaltante. Paro de nadar já longe da costa e penso no abismo que me separa do fundo do mar. E do mundo lá longe. Fico estático a boiar ao sabor da corrente e da ondulação e por momentos não sei onde estou. E só o frio me desperta e faz regressar maravilhosamente exausto. Mas ao mesmo tempo com uma sensação de abandono e feliz lassidão. Apesar de tudo, os dias ainda me parecem compridos
foto by LP
Tenho coisas a mais dentro da cabeça. Eu sei. Mas não sou capaz de me desfazer delas. Sinto-as agarradas á pele.

Com o tempo e a memória construimos a nossa personalidade, como quem faz uma estátua e, despojarmo-nos de qualquer coisa, é como se lhe tirassemos um braço. Mas só deviamos guardar na memória o essencial, não vá a estátua ficar muito pesada e partir-se com o peso do mundo. Só me falta é saber o que é o essencial...

terça-feira, 25 de setembro de 2007


Fui a Lisboa.

Apeteceu-me ir devagar. Fiz 300km e não ultrapassei nenhum carro. Fui ultrapassado por todos. Até camiões TIR e clássicos vermelhos descapotáveis, conduzidos por velhinhos de cabelos ao vento, que ainda insultam: "LEVA O CARRO AO CÓLO!!!!"


já não há respeito pelos mais novos...
foto by LP

LOST


Atenção meninas! Vi o Sawyer no café a Mexicana, e depois mais tarde numa banca da feira da ládra. Tá igual a ele próprio! Tentou-me aldrabar numa peça de brick á braque em dois séculos!...bem...igual...quer dizer...tá com algum pneu e foi atacado pelo escorbuto.......


Alguém viu a Kate por ai?
foto by LP

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Álibi

Apesar de tudo é bom viver um grande amor com final infeliz. É o melhor álibi para os desesperos sem razão que nos invadem de tempos a tempos.

domingo, 23 de setembro de 2007


Não sinto falta de sexo. Sinto falta de fazer amor. Da antecipação da entrega no olhar. A aproximação e o semicerrar do olhar. O toque sublime que faz arrepiar o corpo todo. A união urgente das bocas. A saliva a cair. Um mergulho adentro em busca de qualquer coisa, um calor, um abrigo, um alimento. Descolam-se. Um grito contido. Um suspiro ofegante não sei com que ruidos. O cabelo vivo para a frente e para trás, chicoteando o rosto e as costas. O abandono como uma boneca de pano. Paro e aguento tudo para a ver cair de novo.Lentamente. Desfeita sobre o meu corpo. A sua pele sobre a minha e depois ela regressa , por milagre, daquela asfixia, olha-me nos olhos com um intenso pedido, um medo, e recomeça a deixar cair saliva na minha boca. A minha boca que é a dela, que aspira e engole, se mistura libertando um calor intenso. Toda ela cabe em mim. Suave terna, ondulando largando um som aflito como quem chama por alguma coisa que tem que chegar de muito longe e tarda. A sua boca cola-se á minha, como uma ventosa de um polvo e depois entra nela toda. Sufocando. Com dificuldade soluça o ar que respira. Tão fragil, o corpo delicado que pede mesericordia e susurra por mais violência, cobre-se de um véu húmido. Um orvalho salgado e escorregadio que lhe permite escapar. Os sexos confudem-se. Esbatem-se. Alimentam-se um ao outro com sofreguidão e depois desmaiam exaustos ao mesmo tempo.

O cabelo cobre-lhe a cara. Espreito de perto como quem conta as penas de uma ave. Procuro a palavra. Não digo nada. E nada acabou e nada começa.


O vento sopra lá fora.
foto by LP

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Gosto de mulheres. Gosto do que me fazem sentir.
Não me parece que seja necessário dizer muito sobre as mulheres. Elas existem, e basta. São sempre muito belas em qualquer circunstância. Como é lógico, refiro-me áquelas que não têm vergonha de o ser. Mas há umas que me fascinam mais que outras. E não pela forma dos tornozelos ou linha da silhueta. Mas pelo que têm lá dentro. E isso não se vê! Como uma gaveta fechada. Freud dizia que, uma gaveta fechada á chave contém sempre mais coisas do que uma gaveta que não esteja fechada à chave. E sorte de quem tenha a chave. Porque viajar pelo interior de uma cabeça de uma mulher bonita e inteligente, é, pelo menos para mim, como viajar na mais alta montanha russa.

Olhares

Há olhares que me fascinam como uma lebre parada no meio da estrada encadeada pelos farois do carro em que vai embater. E há outros que me gelam. Felinos. Como só as mulheres o sabem ser. Que estacam quando estão a esfacelar a vitima e, por cima de um ventre rasgado, nos fixam com aqueles olhos amarelos, frios.

terça-feira, 18 de setembro de 2007


O amor é muita coisa. Além das que já sabia, cheguei agora á conclusão que também é um paradoxo cruel. E engana-nos duas vezes em relação aos seres que amamos: em seu favor primeiro, em seu detrimento, mais tarde.



não. Isso não é amor. É orgulho
foto by LP

segunda-feira, 17 de setembro de 2007


Em tempos acreditei. Agora começo a acreditar que não tinha acreditado em nada. O amor é a mais doce das ilusões. Tenho dias de acordar e a vida parece-me desfocada. E as únicas imagens nítidas são recordações sem continuidade.


O vento sopra lá fora. Sopra por soprar. Como tudo. Gestos inúteis. Amores gastos. Palavras vãns. Sempre me incomodou o abuso que se faz delas. Quantas frases disse que tivessem valido a pena? E as mais belas recordações são mudas. Como naquela vez que combinamos encontrarmo-nos em silêncio. Sem palavras. Cumprimentámo-nos com um sorriso tímido. Tocámo-nos ao de leve com o olhar. As nossas mãos quebraram o protocolo e ataram-se entre dedos a fazer amor desesperadamente. A seguir foram as bocas. Depois os corpos. As almas. O tempo passou e secou-nos o suor dos corpos mortos. Tinha medo que falasses. Quebrasses inadevertidamente o silêncio com palavras inúteis. Levantas-te sem dizer uma única palavra. Deste-me um beijo em silêncio e saiste. O vento soprava lá fora.
foto by LP


domingo, 16 de setembro de 2007

-Pobre bichinho...veja só como está magoado! Pobrezinho. AHHH!! Olhe que giro! Aos animais só falta mesmo falar.
-Para quê??
-Para serem como as pessoas.
-...(tenho precisamente a opinião contrária)...

não vejas as notícias!!!O dia tá tão bonito

Como é que um país tão pequenino pode ser tão absurdo?

sábado, 15 de setembro de 2007

Missão no Hiper-espaço


Já que estou numa maré anti-consumista, aqui vai uma ida minha ao hiper.

Avisam-se os mais sensiveis que este post tem cenas violentas e chocantes!

Sábado á tarde. Prepara-se mais um raide.

Antes de deixar a base, revejo o plano mais uma vez, nada pode ser deixado ao acaso--disso depende a minha vida! Humm...flocos, leite, cenouras...massa..carne..hmmm..tá, tá, gilletes, tá, tá..., papel...OK!

Apesar de contar no activo com centenas de missões destas, não posso deixar de sentir um aperto no estômago quando avisto o objectivo.

Passo por um Outdoor. Leio -- Onde comprar é ganhar -- penso --Voce compra, nós ganhamos!

No início tudo parecia correr pelo melhor. Atravesso as primeiras secções sem encontrar resistência...
Mas no cruzamento dos champôs com os sabonetes, caio numa emboscada!! 3 em 1!! Champô, amaciador e condicionador!!! Escapei ileso! E mal me tinha refeito deste ataque quando já estava a ouvir gritos de guerra dos "Ultras"!--frescos e saborosos! Escapei por um triz com um golpe de rins! A sorte é que os "Ultras" não se aventuram longe das arcas frigoríficas...

À entrada da secção de detergentes e produtos de limpeza reinava uma calma ameaçadora...subitamente faço uma descoberta macábra!!Dezenas de vitimas de uma promoção de litros e litros de algo perfumado anti-gordura!!! Fujo aterrado! Pelo cheiro nauseabundo dou conta que eram os lava-loiças!

Afasto-me dequele local sinistro o mais depressa possivel , mas o pior ainda estava para vir...a secção das bolachas...ou a dos doces...não tinha alternativa...tinha que chegar ao talho que ficava por trás.

Cerrei os dentes e lancei-me à desfilada. Foi uma luta sem igual...ainda não sei como consegui chegar á caixa registadora...nem quis olhar aos danos...só no regresso á base é que me apercebi das perdas...tinha na boca uma barra de chocolate energética-light...reparei a rebolar no tapete do carro, uma lata de biscoitos para gato...não tenho gato!!! No rótulo dizia: promoção! Fim de semana em Benirdome...

A missão fôra mais uma vez cumprida...mas a que custo!...e posso sempre servi-la como aperitivo a visitas indesejáveis...

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

porquê?


Dizem-nos que a economia tem de crescer, mas ninguém nos diz exactamente porquê. Para ter-mos mais automóveis, telemóveis? Que o déficie tem de diminuir e a produtividade de aumentar, mas ninguém explica a que preço. Parece que corremos para chegar algures, mas ninguém sabe bem onde. Ninguém me perguntou o que prefiro: se ter uma boa televisão ou ter menos stress. Ter um telemóvel topo de gama, ou ter tempo e cabeça para dizer na cara dos meus amigos o que sinto por eles. Se prefiro ser promovido, ou poder ver todos os dias o pôr do sol. Que mundo é este em que vivemos, onde empregados do estado se passeiam em carros de luxo, enquanto em nome da produtividade nos dizem para apertar o cinto? Este é o mundo que critica a violência e o terrorismo enquanto fabrica brinquedos de guerra e mostra ás crianças desenhos animados com pancadaria.


De que futuro andamos nós atrás? Só me apetece ir embora daqui. Só não sei como.

pequeninos

foto by wikipédia

Os nossos políticos são tão pequeninos. E não falo em tamanho fisico.

Nóbel da Paz, um dos maiores defensores dos direitos humanos. Líder religioso que prega a harmonia entre religiões. Exilado político da sua terra em pról do bem estar dos seus conterrâneos Tibetanos. Não é recebido oficialmente pelos nossos mais áltos representantes de cargos políticos.

Porquê?

Porque os políticos chineses não querem (e que pequeninos que são!).

E porque têem eles medo desses pequeninos chineses?

Porque são muitos. Mesmo muitos! E ávidos de consumo. Fonte de milhões de dinheiros. Além disso são dos maiores violadores dos direitos humanos. Predadores do ambiente sem escrúpulos.

Mas o ditador Robert Mugabe do Zimbabué, também viola os direitos humanos e ambientais e é criticado pelos principais lideres políticos mundias! Qual a diferença em relação aos chineses?

Porque o povo do Zimbabué é pobre, não tem hábitos de consumo e limita-se a sobreviver.

E que temos nós a ver com o Tibete?

Além de serem um povo óprimido e lhes terem roubado a liberdade, o que já é motivo suficiente para recebermos oficialmente o seu líder, o padre António Andrade (1580-1634) foi o primeiro europeu a entrar na história do Tibete.

Felizmente nem todos os portugueses são "pequeninos" e ajudam 800 crianças tibetanas, á distância, através do programa Siddharta.
O meu aplauso para estes grandes Portugueses!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O começo


Durante algum tempo fui mais feliz do que seria sensato.



A tristeza é só nossa e para se merecer alguém é preciso merecermo-nos a nós próprios.




Tudo deve ser levado muito lentamente, atrasado, muitas vezes repetido, regressando sempre que possivel ao começo.




e o começo é sempre o mais belo.

fotos by LP

terça-feira, 11 de setembro de 2007

O sexo das baleias

foto by LP
Chovia.


Enquanto lia, não pude deixar de apanhar estes fragmentos de uma conversa de dois N.S., colegas meus:

-Sexo com uma mulher é um acontecimento de importancia vital! Ou então, bem pelo contrário, um assunto de menor importancia.
-O sexo é um acto de terapia ou passa-tempo.
-Também há sexo de promoção. Para se subir na vida.
-Para passar tempo.
-Uma vez, fui a um oceanário e vi o pénis de uma baleia! Fiquei minutos a olhar pasmado! E quando tive sexo pela primeira vez, aquela imagem não me saia da cabeça...

Acabei por concluir para mim mesmo: Não somos baleias e isso representa um importante lema sobre o qual assenta a minha vida sexual.
a minha companhia servida de um café, para quem souber qual é a praia da foto.
foto by LP


People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down
When you're strange
Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name

When you're strange
When you're strange
When you're strange

People are strange when you're a stranger
Faces look ugly when you're alone
Women seem wicked when you're unwanted
Streets are uneven when you're down
When you're strange
Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name

When you're strange
When you're strange
When you're strange
When you're strange

Faces come out of the rain
When you're strange
No one remembers your name

When you're strange
When you're strange
When you're strange

quem souber o nome da banda, da música e o nº que calça o artista, ganha um Magnum 5 sentidos!



segunda-feira, 10 de setembro de 2007

foto by LP

Não sei explicar bem, mas a verdade é que não consigo habituar-me à ideia de que o presente seja realmente presente. Ou que eu seja realmente eu. É sempre a mesma história, como se houvese qualquer coisa que não funcionasse bem. Só mais tarde é que acabo por me adaptar á realidade.